terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A Lenda do Beija-mão


O facto de Inês ter sido executada perto da Quinta do Pombal, actualmente Quinta das Lágrimas, na qual havia uma fonte designada por Fonte dos Amores, originou o aparecimento de variadas lendas a seu respeito e relacionadas com este local. Entre elas, conta-se que o sangue derramado na ocasião da sua morte provocou umas manchas avermelhadas que, ainda hoje, são visíveis no tanque que liga a fonte ao lago. Igualmente surgiu uma outra lenda que referia que os canais de água existentes na Quinta do Pombal serviam de meio de correspondência entre os apaixonados, através de bilhetes de amor que deslizavam pelas águas.


Em 1360, realizou-se a trasladação do corpo de Inês, da Igreja do Mosteiro de Santa Clara para o Mosteiro de Alcobaça, onde D. Pedro mandara construir dois magníficos túmulos, destinados a ambos, para que pudessem permanecer para sempre juntos, contrariamente ao que lhes sucedera em vida. A cerimónia, durante a qual foi proferido o Sermão das Exéquias de D. Inês de Castro pelo Arcebispo de Braga, D. João de Cardaillac, foi muito pomposa e revestiu-se de particular interesse, servindo principalmente para glorificar Inês como verdadeira rainha. É precisamente por este facto que Luís de Camões se refere a D. Inês como aquela que despois de morta foi rainha, não estando estas afirmações relacionadas com a lenda que terá aparecido posteriormente à época do poeta sobre a coroação do cadáver, seguida do beija-mão à rainha morta.